8/11/2011

DESFAZIMENTO


Nossa casa será desfeita no prazo de 10 dias, há 17 anos habitando esse lugar peculiar, essa era nossa nona instalação de moradia, no passar desse tempo, vi o crescimento desordenado da Vila de Algodoal, a necessidade dos novos donos de lotes de construir e sangrar o arquipélago, retirada de pedras, areia, desmatamento e a camada mais pobre da comunidade, sem nenhum plano de proteção, instalar-se em área de risco ambiental e social, sem direito ao lote urbano.
A leitura ambiental técnica continua equivocada, a fachada que interessa para a natureza, é da fachada de frente pro mar da Princesa é de onde vem todo o impacto, a desacomodação das Pedras do Boiador pela retirada durante anos, expõe uma enorme cratera que a cada maré de lanço aumenta sua profundidade, soma-se a isso a continua queima da formação vegetal pelo proprietário Mateus da Barraca do Coco, que evita a sedimentação das dunas e sua perda de área e faixa de areia é visível, mas como são domesticadas urbanamente, as pessoas continuam sua leitura a partir da pobre visão da menor e mais conturbada ilha do arquipélago, juntando a isso opiniões de quem nada beneficia, onde os próprios filhos da ilha estão destruindo com crimes ambientais onde muitos participam aumentando sua renda com o metro quadrado de areia e pedra ou construindo seus empreendimentos.
A única importância que havia era a mudança de atitude e lutar contra esses interesses, levar a conscientização para quem realmente interessa e deveria ter seus direitos assegurados: o cidadão do futuro, o dono legitimo desse lugar, que infelizmente herdarão apenas o que sobrar.